DEMERVAL SAVIANI

 

 

 


Dermeval Saviani
 
 

Concepção de escola

 

Segundo Saviani a escola deve proporcionar a todas as pessoas (independente de classe social, raça, cultura, religião ou crença), uma educação capaz de garantir-lhes saberes que poderão lhes serem úteis no decorrer de suas vidas práticas, podendo contribuir com a ascenção social. Sendo assim, a instituição escolar deve ser um local propício ao desenvolvimento, através da aquisição de um bom ensino, e saberes necessários a vida, sendo a escola, o veículo responsável pelo desenvolvimento social.

Em seu livro Escola e Democracia (1987), cujo a obra utilizada como referência desse blog, Saviani cita as questões das teorias da educação, demonstrando os problemas das mesmas. O autor em sua obra defende a ideia de que a marginalização, um dos maiores problemas atuais, se dá justamente pela exclusão das crianças das salas de aula, e que tal exclusão acontece pelo fato das escolas não ajustarem seus métodos, suas práticas, ou condições de ensino as necessidades das realidades dessas crianças. Pontua que o sistema educacional é complexo, portanto envolve várias esferas sendo elas: social, política, e administração das escolas, podendo elas, de forma interativa, harmoniosas e participativa, contribuírem para uma implementação de uma escola melhor, visando uma melhora na vida das pessoas, tanto no que diz respeito a sua individualidade, quanto no campo coletivo.

Para Saviani, é no relacionamento entre aluno e professor que se estabelece a aquisição de conteúdo. Dessa forma o aluno deve permanecer ativo, incentivando sua autonomia, para que sejam capazes de tomar suas próprias decisões, e o professor interagindo para que a aquisição de tais conteúdos de fato aconteça. Nesse processo Saviani defende a importância de se trabalhar a realidade do estudante para que ele possa com maior facilidade compreender determinado assunto, além de permitir que eles consigam ter discernimento para perceber e analisar sua realidade de forma crítica, além disso é importante que provoque e incentive no aluno o senso de socialização, para que o mesmo possa participar diretamente na democratização de forma organizada. O autor lembra que esse processo só pode dar certo se puder contar com o apoio do poder público, isso porque, é ele o responsável pela criação, avaliação e implementação dos projetos que visam o melhoramento do sistema de ensino, portanto, seria irrelevante promover uma educação objetivando um melhoramento social, se tal poder (público) não der subsídios necessários para sua implementação. Portanto, a escola deve ser vista como um instrumento que propicia informações, conhecimentos e a apropriação do saber, por este motivo, ela pode contribuir para uma amenização ou desaparecimento da seletividade e exclusão social, por isso a instituição escolar deve ser vista como uma válvula de escape das desigualdades sociais.

 

É papel da escola preparar as crianças para a manutenção de suas vidas, e para a vida em sociedade, lhes propiciando a aquisição de valores (éticos e morais), para que eles possam desenvolver suas funções de forma íntegra, perante ao meio social em que se estabelece.

 

 


Concepção de Ensino


 
Saviani fala sobre o relevância do ensino nas séries iniciais para que o aluno se desenvolva de forma integral.
 
Demonstra a importância de se “aprender a ler e escrever... aprender a linguagem dos números, a linguagem da natureza, a linguagem da sociedade...” (SAVIAVI 1992)
Ainda em sua obra Escola e Democracia, Saviani fala em uma educação capaz de superar as desigualdades no campo educacional, propondo uma pedagogia capaz de alcançar tal feito. Ao analisar as “teorias não-críticas da educação”(  educação tradicional, nova, e tecnicista), segundo a qual, os problemas decorrentes das escolas, ou a falta de escolarização, estão completamente desvinculados dos fatores sociais, ou seja, para ela (teoria não-críticas) os problemas sociais, de nada influenciam no desenvolvimento e/ou problemas da área educacional, no entanto, acredita que é pela educação que a sociedade pode de forma milagrosa acabar com fatores como a marginalidade, e a “teoria crítico-reprodutivista da educação”, acreditando ser possível, através da sociedade, compreender a educação. Nesse sentido a educação é vista como instrumento das classes que detém o poder, sendo assim a considera responsável pela marginalização já que define a educação dependente da sociedade, uma vez que ela (educação) é reprodutora das doutrinas, costumes, crenças, etc., da sociedade da qual está inserida. Enfim, tais teorias estão moldadas as normas do capitalismo.
 
A partir de análises o autor discorri sobre a teoria crítica da educação, salientando que mediante as duas teorias anteriores a educação era vista como instrumento de manipulação, sendo que esta deve ser um instrumento que proporcione o ser humano fazer suas própias escolhas, possibilitando a liberdade de pensamento, além de incentivar o amadurecimento de um cidadão democrático e autônomo. Nessa perspectiva o conhecimento, o saber deve ser proporcionado a todas as pessoas, independente de sua localização social.
De fato a escola não é milagrosa, como conceitua a teoria tecnicista, e nem pode solucionar todas as questões decorrentes da vida dos educando, no entanto, pode lhes subsidiar, e contribuir no desenvolvimento de suas inteligências, tendo como resultado uma melhora de suas vidas.
Para SAVIANI, ensino está estreitamente ligado a produção e desenvolvimento do saber, sendo assim, as pessoas que participam do processo de ensino tem a necessidade de absorver os conteúdos, e isso só será possível se basicamente, tais conteúdos forem adequados as suas necessidade, ou seja, se forem transmitidos de forma que pareçam, ou façam parte do seu cotidiano, para que assim eles possam, com o saber adquirido, mudar a sociedade da qual faz parte, transformando suas vidas, e da sociedade, possibilitando que o meio social proponha oportunidades na mesma proporção, a todas as pessoas. Com esse pensamento Saviani instaurou a Pedagogia Histórico-Crítico.


 
Concepção de Aprendizagem
 

Saviani defende a ideia de que a partir da aquisição das informações, temos a possibilidade de alinhar todos os dados pertinentes a esta, afim de que se possa, junto com as experiências vivenciadas e adquirida a partir dos estímulos realizados pelo ambiente, adquirir a capacidade de aprender. Nesse sentido, a maneira como o aluno vai aprender, ou melhor, a proporção em que ele vai se apossar de tal aprendizagem, vai depender tanto dos esforços do professor, da força de vontade do mesmo, quanto do espaço da sala de aula, ou seja, do que está sendo proposto, e/ou o que o contexto escolar oferece. A propósito, para que a aprendizagem ocorra de fato, segundo SAVIANI, o professor precisa, analisar (escutar e observar) a realidade de seu educando, ou seja, ele precisa procurar entender, o contexto do seu aluno, certificando o que o estudante já conhece sobre determinado conteúdo, este por sua vez, precisa dedicar atenção ao momento de aprendizagem, procurando entender o conteúdo que o professor lhe transmite. Diz ter conseguido chegar ao estágio de “transferência de aprendizagem” no momento em que o aluno consegui compreender as informações que lhe foram passadas, e a partir de então, tendo como base o que antes conhecia, consegue ter uma visão mais clara sobre determinado assunto.
A política escolar deve ir contra as teorias que vão de acordo com a seletividade escolar. Sendo a escola estabelecida coma uma instância democrática, dando voz ao aluno, e se despindo de qualquer tipo de descriminação. Vale ressaltar que cabe também, ao estudante fazer sua parte, se colocando num lugar de importância, de responsável pela transformação da sociedade.

Na dinâmica educacional muitos fatores contribuem para o fracasso escolar, e eles podem ser de origem internos ou externos as escolas. Entre os de origem externo encontra-se: “saúde, nutrição, fatores psicológicos e cognitivos, e de ordem familiar”, Um, dois, ou mais fatores desses citados anteriormente, pode ser responsável para uma péssima aprendizagem (aquisição de conteúdos), já que eles interferem diretamente no processo educacional. É preciso deixar claro que a educação é capaz de transformar tal realidade, e que se mantenha um postura de transformação, pois a educação reflete melhorias na vida do indivíduo e da comunidade da qual este faz parte.
Sem dúvida nenhuma, a evasão escolar é um fator que vem contribuindo, desde o início da educação no país para um baixo índice de aprendizagem. Isso dificulta uma consolidação da educação. Pode-se perceber que a evasão está intimamente ligada aos fatores externo e internos (já citados a cima). Cabe colocar aqui a parcela de culpa das escolas para que tal índice se estabeleça. O sistema educacional necessariamente adota a cultura de um determinado povo, e essa cultura adotada, é basicamente aquela dominante, ou seja, das classes de maior poder, com isso, as crianças, jovens ou adultos que se veem longe da realidade apresentada por esse contexto educacional, perdem o interesse pelos estudos e optam por se desligarem da escola. Aí pode-se perceber a importância de realizar o processo de ensino e aprendizagem tendo como base o conhecimento que o aluno já tem, e o contexto em que ele vive, para que dessa forma eles possam, se interessarem, e se perceberem no processo, além de utilizar tais conhecimentos no decorrer de sua vida prática. Sendo feito dessa última maneira citada, ao invés de se afastarem da escolas, as crianças, irão desenvolver um desejo de conhecimento, de querer buscar mais. Portanto a instituição escolar deve se apresentar, em primeiro lugar, atrativa aos olhos dos alunos.

Do ponto de vista quantitativo é importante que os alunos detenham conhecimentos de assuntos ligados as disciplinas, já que a sociedade cobra tais conhecimento no decorrer dos estudos, nas provas escolares, nos vestibulares, ou mesmo nos objetivos que eles pretendem alcançar profissionalmente. No entanto é extremamente relevante que os educandos, ainda na escola, sejam incentivados a pensar de maneira crítica, sendo levado a formar suas o
 
Um bom professor não é aquele que pesquisa a todo tempo, o bom professor é aquele que concilia a pesquisa a melhores condições de aprendizagem. É aquele que procura em suas pesquisa uma maneira de levar o conhecimento aos seus alunos, da melhor maneira possível, desta forma ele (professor), deve propor a seus educandos atividades e/ou trabalhos que lhe serão úteis na resoluções de problemas que apareceram em sua vida prática, isso sempre através primeiro da desconstrução das ideias tidas como verdade absoluta, depois das indagações, e por último das investigações e experimentações. Conseguindo alcançar o seu próprio resultado, o estudante poderá assumir sua própria responsabilidade de refletir se colocando frente aos problemas da vida.
Em meia a tantos debates, leis e projetos, ainda não se pode identificar a educação com os objetivos voltados aos benefícios da população, voltada as pessoas que enxergam nela uma janela de fuga das desigualdades sociais, e enquanto essa situação se estabelecer, nem a educação, muito menos a sociedade dará um passo à frente em sua trajetória rumo a democratização educacional. O que se pode ver, até os dias atuais, é uma educação proposta por políticas que visam fins lucrativos, isso porque não é interessante aos políticos, que a população se desenvolva, que busque conhecimento, porque dessa forma o povo próspera podendo ameaçar seus objetivos.
 
 


 
          Biografia               
 
 
Nascido em 25 de dezembro de 1943 em Santo Antônio de Posse, comarca de Mogi Mirim, no interior do Estado de São Paulo. Estudou nas instituições Grupo Escolar de Vila Invernada – periferia de São Paulo, Liceu Salesiano São Gonçalo – onde cursou o ginásio-, Seminário do Coração Eucarístico de Campo Grande.
Em Aparecida do Norte deu início à sua formação superior entre os anos de 1962 e 1963, no curso de filosofia da entidade, e deu continuidade aos seus estudos na PUC-SP, inclusive graduando-se em educação.

Atualmente é professor da mesma universidade na qual se formou, além de desenvolver, desde sua formação até os dias atuais, diversos projetos e pesquisa na área educacional, especialmente defendendo a análise crítica dos conteúdos agregada ao ensino das matérias comuns da escola.
 
Dermeval Saviani é grande educador que vivenciou um período de mudanças no nosso país, a exemplo da transição na educação durante a consolidação do período democrático que vivemos na atualidade, acompanhando, além das transformações sociais, as transformações na história da educação brasileira, acentuando os pontos positivos e negativos que as modificações no processo educacional refletiram no dia-a-dia, e teve uma visão progressista sobre a educação. Ele foi o fomentador da teoria histórico-crítica que também é conhecida como crítico-social dos conteúdos e tem como objetivo principal relação e transmissão de conhecimentos significativos que contribuam para a inclusão social do educando.
Principais obras:
 
* Escola e Democracia, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1986
* Pedagogia Histórico-Crítica, primeira aproximações, Campinas: Autores Associados, 2000
* Sobre a Concepção de Politécnica Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 1989.

  
 
Premiações
 
* Medalha do mérito educacional do Ministério da Educação.
* Prêmio Zeferino Vaz de produção científica.
* Prêmio Jabuti de 2008 na categoria Educação, Psicologia e Psicanálise com História das Ideias Pedagógicas no Brasil.
 
 
 
     Referências

 
SAVIANI, Dermeval, Escola e Democracia. 8a. ed. São Paulo, Cortez/Autores Associados, 1986.
 
Site de busca: Google (imagens)
 

Por: Carla Sinara, Genilce Oliveira, Jandirene Hora, Liliana Sales, e Valmira Sales.





 
 
 

 
 

 
 



 
 
 
 
 
 
 
 

2 comentários: